Do Ego ao coração.

07/05/2012 19:20

 

Quatro etapas na transformação da consciência

Nas mensagens anteriores, descrevemos os antecedentes históricos da viagem dos trabalhadores da luz desde a ‘consciência apoiada no ego à consciência apoiada no coração’.Esta parte de hoje será inteiramente dedicada às características psicológicas desta transformação. Dividimos este processo em quatro passos ou estágios, os quais resumiremos novamente para a causa da claridade:

 

1. Estar insatisfeitos com o que a consciência apoiada no ego tem para lhes oferecer, desejar ‘algo mais’: o começo do final.

2. Começar a serem conscientes de sua dependência à consciência apoiada no ego, reconhecer e liberar as emoções e pensamentos que fazem parte dela: a metade do final.

3. Permitir que morram dentro de vocês as velhas energias apoiadas no ego, saindo do casulo, sendo seu novo ser: o final do final.

4. O despertar dentro de vocês da consciência apoiada no coração, motivada por amor e liberdade; ajudar a outros a fazer a transição.

 

Estágio um: o ego já não satisfaz mais

A transição da consciência apoiada no ego para a apoiada no coração começa com a experiência de um vazio interior. Coisas que antes lhes chamavam a atenção ou situações que os perturbavam completamente, agora os deixam vazios ou sem inspiração. De algum modo, as coisas parecem ter perdido seu significado usual e propósito.

A consciência, antes de experimentar esse vazio, está nas garras do medo e conseqüentemente precisa reafirmar-se constantemente, procurando validação externa (reconhecimento), porque não está disposta a enfrentar o medo subjacente da rejeição e a solidão. Esse medo profundo e a necessidade de validação externa (reconhecimento) podem ter estado muito tempo escondidos como o verdadeiro motivo de suas ações. Toda sua vida pode ter sido construída em cima disto, sem que vocês sejam conscientes. Talvez sejam conscientes de uma vaga intranqüilidade ou tensão interior. Mas, freqüentemente, uma circunstância maior como a ruptura de uma relação, o falecimento de alguém amado ou a perda de um trabalho, convida-os a verdadeiramente examinar do que se trata esta tensão ou intranqüilidade.

Quando o ego é o centro de seu ser, sua consciência e sua vida emocional estão em ‘estado de cãibra’. Estão encolhidas de medo e por causa disso estão constantemente na defensiva. Quando estão na etapa do ego, sempre experimentam carência, necessidade de algo mais. A base de seus pensamentos, sentimentos e ações é um buraco negro, um vazio que nunca pode ser preenchido completamente. À medida que desviam sua consciência dele, é um buraco de medo, um lugar coberto por sombras. Nas sombras, há um vazio, do qual são vagamente conscientes, mas vocês não querem ir lá.

Neste estagio, suas relações com Deus ou Tudo O Que É está marcado por sentimentos de separação. Profundamente em seu interior, sentem-se sozinhos e abandonados. Sentem-se como um fragmento quebrado, sem significado, sem propósito. E enquanto ocultam seu medo disto, somente o experimentam indiretamente, como uma sombra.

As pessoas se aterrorizam de enfrentar o vazio interno com plena consciência. Aterrorizam-se de encontrar sua escuridão interior e investigá-la. Entretanto, se não a enfrentarem, ainda estará ali e precisarão desenvolver ‘estratégias para manejá-la’, para fazer a vida suportável. A estratégia do ego sempre é tratar o problema na periferia, em lugar de fazê-lo no centro. O ego procura resolver o problema movendo a consciência para o exterior, para fora. Trata de aliviar a dor interna, alimentando-as com energias externas. As energias às quais particularmente se afeiçoam são reconhecimento, admiração, poder, atenção, etc. Desse modo, o ego aparentemente cria uma resposta ao desejo profundo da alma por unidade, segurança e amor.

Este desejo é em si mesmo inteiramente válido e genuíno. É Deus chamando-os. É sua própria natureza chamando-os. Vocês são Deus! Deus é a energia da unidade, segurança e amor. Todos desejam o amor incondicional e o abraço da Energia que vocês chamam Deus. Na essência, este desejo é o desejo de ‘dar-se conta totalmente de’, e, portanto, ser um com seu próprio Ser divino. Sua própria divindade é sua entrada ao amor incondicional. Vocês só podem encontrá-lo enfrentando o medo e a escuridão que os rodeia, e fazem-no voltando-se para o interior, em lugar de ir para o exterior. Fazem-no empregando sua consciência como uma luz que afugenta as sombras. A consciência é luz. Portanto, esta não precisa lutar com a escuridão; sua mera presença a dissolve. Voltando sua consciência para o interior, na verdade milagres acontecerão a vocês.

O ego, entretanto, procede exatamente de modo contrário. Registra a necessidade de amor e segurança, mas quer responder a esta necessidade sem enfrentar a escuridão e o medo interiores. Para isto, faz um certo ‘truque’: transforma a necessidade de amor em necessidade de aprovação ou reconhecimento por parte de outras pessoas. Uma vez que pensam que ser amado é ser admirado por seus feitos, não precisam ir ao interior por amor nunca mais; vocês simplesmente têm que trabalhar mais duro! Desse modo, o ego se esforça por manter a tampa na caçarola do medo.

Seu desejo original por amor e ditosa unidade, agora, foi distorcido no desejo por reconhecimento. Vocês estão constantemente procurando validação externa, a qual temporariamente lhes provê um pouco de segurança. Sua consciência está totalmente focalizada no mundo externo.

Confiam no julgamento de outras pessoas e são muito preocupados a respeito do que as pessoas pensam de vocês. Isto é muito importante para vocês, já que sua auto-estima depende disto. Na realidade, sentem que sua auto-estima baixa cada vez mais, já que estão entregando seu poder a forças externas, que os julga por seus desempenhos externos, não por seu verdadeiro ser.

Enquanto isso, o sentimento profundamente assentado de abandono e solidão não é aliviado. Na realidade se torna pior, já que vocês se recusam a olhá-lo. Isso que não querem olhar deve ser seu ‘lado escuro’. O medo, a irritação e a negatividade podem rondar aí e influenciá-los, intensificados pela recusa do ser humano de ir para dentro.

O ego pode ser muito tenaz quando é para suprimir certas dúvidas, suspeitas e sentimentos; não deixará o controle facilmente.

O que vocês percebem como ‘mau’ em seu mundo sempre é o resultado de aderir ao poder pessoal. É recusar-se a entregar o controle e aceitar o medo e a escuridão interiores. O primeiro passo para a iluminação é render-se ao ‘que é’.Iluminação significa permitir todos os aspectos de seu ser na luz de sua consciência. Iluminação não significa que são completamente conscientes de tudo dentro de vocês, mas que estão desejando enfrentar cada aspecto conscientemente.

Iluminação é igual a amor. Amor significa: aceitação de vocês mesmos tal como são.

A escuridão interior que sente o abandono no mais profundo de suas almas e que todos vocês temem tanto é temporária. A etapa do ego é apenas um passo no longo desenvolvimento e desdobramento da consciência. Nesta etapa, o primeiro salto é dirigir-se para uma consciência divina individualizada.

O nascimento de uma consciência individual, o nascimento de vocês como uma ‘alma separada’, caminha junto com a experiência de ser deixado sozinho, de ser separado de seu Pai/Mãe. É comparável ao trauma do nascimento em seu mundo físico. No útero, o bebê experimenta um sentimento oceânico de unidade com sua mãe. Quando nasce, deve ser uma unidade em si mesmo.

Por causa desse trauma de nascimento – falando agora do nascimento da alma - a alma adquire um sentimento de ser deixada à parte; tem de desprender-se de tudo o que é dado por garantido.(Em um capítulo posterior, voltaremos para a noção do nascimento da alma; apenas queremos chamar a atenção aqui que também há um aspecto da alma que é eterno e atemporal, quer dizer, não exposto a nascimento e morte).

A alma recém-nascida deseja um retorno ao estado de semiconsciência de unidade, de onde vem e que considera seu Lar. Já que isto é impossível, ela experimenta grande temor e sentimentos de desolação e dúvida. Este temor interno e desorientação, gradualmente, gerarão o lugar de procriação para o confisco de poder do ego. A alma tem de lidar com o medo e a dor, e o ego promete lhe dar uma solução. O ego exibe o prospecto de poder e controle à consciência da alma. A alma, sentindo-se sem poder e perdida, entrega-se e coloca o ego no comando.

O ego é essa parte da alma que está orientada para o material, para o mundo externo. Em essência, o ego é o instrumento da alma para manifestar-se no ser físico dentro do tempo e o espaço. O ego provê a consciência com foco. Este volta à consciência específica em lugar da oceânica, ‘aqui e agora’ em lugar de ‘em todo lugar’. O ego translada os impulsos internos a formas materiais específicas. É essa parte de vocês que preenche o vazio entre a sua parte não física (espiritual) e a parte física.

Para a alma, como um ser espiritual não físico, é totalmente anormal estar estancada em tempo e espaço.A alma é a parte de vocês mesmos que é independente e livre. O ego, por outro lado, prende e fixa. Permite-lhes funcionar na realidade física. Como tal, o ego joga um papel verdadeiramente valioso que não tem nada que ver com ‘bom’ ou ‘mau’. Quando funciona em uma situação equilibrada, é neutro e uma ferramenta indispensável para a alma que habita na Terra em um corpo físico.

Entretanto, quando o ego começa a governar a consciência da alma, em lugar de funcionar como sua ferramenta, a alma se desequilibra. Quando o ego dispõe sobre a alma (característica típica da consciência apoiada no ego), o ego não transladará simplesmente os impulsos internos à forma material, mas controlará e suprimirá seletivamente aqueles impulsos. O ego então lhes apresenta uma imagem distorcida da realidade. O ego desequilibrado sempre está perseguindo o poder e controle e sob esta luz interpretará todos os fatos como positivos ou negativos.

É bastante instrutivo descobrir suas próprias motivações apoiadas no poder e controle no seu dia a dia. Tratem de observar quão freqüentemente querem atar coisas ou pessoas a sua vontade, mesmo se for por uma causa nobre. Quão freqüentemente se chateiam porque as coisas não caminham como querem? É importante dar-se conta que sob a necessidade de controlar sempre está o medo de perder o controle. Portanto, perguntem a si mesmos: qual é o risco de liberar o controle, de deixar ir a necessidade pelo previsível? Qual é o meu temor mais profundo?

O preço que agora estão pagando por manter as coisas ‘sob controle’ é que suas atitudes em relação à vida são tensas e reprimidas. Quando se atrevem a viver sob a inspiração interna e só fazem o que lhes traz alegria, isto criará uma ordem natural e verdadeira em suas vidas. Sentir-se-ão relaxados e felizes, sem a necessidade de moldar o fluxo da vida. Isto é viver sem temor, viver com plena confiança no que a vida lhes trará. Podem fazer isso?

Para uma alma jovem, a armadilha da consciência apoiada no ego é quase inevitável. O ego oferece uma saída para o problema (de medo e abandono); desvia sua atenção do ‘que está aí no interior‘ ao ‘que vocês querem obter do mundo externo’. Esta não é a solução real do problema, mas parece trazer alívio por um tempo. Exercer poder e controle sobre as coisas ao seu redor pode lhes dar uma satisfação temporária ou ‘estímulo’. Há um breve sentimento de ser amado, admirado e respeitado. Alivia sua dor por um tempo. Mas é de curta duração, e têm de esforçar-se outra vez para destacar-se, para serem melhores, mais belos ou mais úteis. Por favor, sejam conscientes de que sob a bandeira do ego vocês podem ser tanto doces como maliciosos, tanto os que dão como os que tomam, tanto dominantes como servis. Muito do que se dá aparentemente com generosidade é um chamado inconsciente de atenção, amor e reconhecimento em direção a quem recebe o presente. Quando estão sempre cuidando e dando a outros, simplesmente estão escondendo-se de vocês mesmos. Portanto, para entender o que significa a dominação do ego, não têm necessariamente que pensar em cruéis tiranos como Hitler ou Saddam Husseim.

Assegurem-se disso simplesmente; observem-se em sua vida diária. A presença da dominação do ego pode ser reconhecida pela necessidade de controlar coisas. Querem que certa pessoa se comporte de um modo determinado, por exemplo. Para fazer que isto aconteça, vocês exibem certo tipo de comportamento. São condescendentes e doces, por exemplo, e tratam de não ferir nunca os sentimentos de algum outro. Há uma necessidade de controle detrás deste comportamento. “Porque quero que você me queira, não nunca estarei contra você”. Esta linha de pensamento está apoiada no medo. É medo de depender de vocês mesmos, medo de ser rejeitado ou abandonado. O que parece ser doce e agradável na realidade é uma forma de abnegação. Isto é o ego trabalhando.

Enquanto o ego governar suas almas, precisarão, para sentir-se bem, alimentar-se a si mesmos com a energia de outros. Parecem ter de merecer a aceitação de outras pessoas, de uma autoridade exterior a vocês. Entretanto, o mundo que os rodeia não é fixo ou estável. Realmente nunca podem confiar na fidelidade permanente daquele em quem confiam, seja o cônjuge, o chefe ou os pais. Isto é o que vocês têm de ‘trabalhar’ todo o tempo, estar sempre alerta para as ‘porções de aprovação’ vindas a vocês. Isto explica o estado de tensão e nervosismo da mente no qual permanentemente se encontra quem quer que esteja na etapa do ego.

O ego não pode provê-los de verdadeiro amor e auto-estima. A solução que oferece para o trauma de abandono é, na verdade, um buraco sem fundo. A verdadeira missão da consciência da alma jovem é ter de volta os pais que perdeu.

Por favor, sejam conscientes do que a estrutura da vida terrestre, considerando o processo de começar como um bebê desamparado e crescer para ser um adulto independente, freqüentemente os convida a fazer precisamente isso. Quão freqüentemente a chave para a felicidade real em suas vidas consiste nisto: que vocês cheguem a ser seus próprios pai e mãe e dar a si mesmos o amor e a compreensão que perderam e está perdida de outros. De modo geral, no nível metafísico sobre o qual estivemos falando, isto significa: chegar a compreender que são Deus, não uma de suas pequenas ovelhas perdidas. Esta é a compreensão que os levará ao lar. Esta é a compreensão que os levará ao coração de quem vocês são, o qual é amor e poder divino.

O final da etapa do ego aparece quando a alma se dá conta de que está repetindo uma e outra vez o mesmo ciclo de ações e pensamentos. O ego perde seu domínio quando a alma se volta esgotada e aborrecida por esforçar-se todo o tempo por um tesouro fugaz. A alma então começa a suspeitar que as promessas do jogo do qual participa são falsas e que na realidade não há nada ali para ela ganhar. Quando se cansa de tentar e estar em cima disso todo o tempo, ela deixa ir um pouco o controle.

Com menos energia para controlar os pensamentos e comportamento, abre-se um espaço energético que permite experiências novas e diferentes.

No princípio, quando vocês entram nesta etapa, podem sentir-se somente muito cansados e vazios por dentro. As coisas que antes consideravam importantes agora podem parecer completamente sem significado. Freqüentemente, podem emergir temores que não têm causas claras ou imediatas. Podem ser vagos temores de morrer ou perder seus entes queridos. Também pode surgir ira, relacionada com situações em seus trabalhos ou em seus relacionamentos íntimos. Tudo o que parecia ser óbvio agora está sob dúvida.

Aquilo que a consciência apoiada no ego tentava prevenir, finalmente acontece.

Gradualmente, a tampa da panela se levanta e toda classe de emoções incontroláveis e temores saem e entram em sua consciência, semeando dúvida e confusão em sua vida. Até aquele momento, vocês estiveram funcionando na maioria das vezes no piloto automático. Muitos padrões de pensamentos e de sentimentos dentro de vocês aconteciam automaticamente; permitiam que eles acontecessem sem questionar. Isto dava unidade e estabilidade a sua consciência. Entretanto, quando sua consciência cresce e se expande, sua personalidade se divide em duas. Uma parte de vocês quer manter-se nos velhos padrões, a outra parte questiona esses padrões e vocês se confrontam com sentimentos desagradáveis como a ira, o medo e a dúvida.

A expansão da consciência que ocorre no final da etapa do ego é freqüentemente experimentada como um desmancha-prazeres, um intruso mal recebido que estraga o jogo. Esta nova consciência altera tudo o que antes parecia óbvio e desperta emoções dentro de vocês com as quais não sabem lidar. Quando começam a duvidar dos modelos de pensamento e ação apoiados no ego, uma nova parte de vocês penetra sua consciência. É a parte de vocês que ama a verdade em lugar do poder.

Viver conforme o que dispõe o ego é muito repressivo. Vocês estão servindo a um pequeno – temeroso - ditador que aspira ao poder e ao controle, não só sobre seu redor, mas especificamente sobre vocês.Seus fluxos de sentimentos e intuição espontâneos são reprimidos por ele. Ao ego, não lhe agrada a espontaneidade. Impede-os de expressar livremente seus sentimentos, já que os sentimentos e as emoções são incontroláveis e imprevisíveis, o que é perigoso para o ego. O ego trabalha com máscaras.

Se seu ego lhes ordenar: “seja doce e gentil, para ganhar a simpatia das pessoas”, vocês sistematicamente suprimirão sentimentos de desagrado e ira dentro de vocês. Se começarem a duvidar da viabilidade deste mandato, as emoções suprimidas aparecerão imediatamente. Os sentimentos não se eliminam ao serem suprimidos. Seguem vivendo e ganham intensidade quanto mais são suprimidos.

 

Uma vez que a alma experimenta o vazio e a dúvida, tão característicos do final da etapa do ego, é possível encontrar e enfrentar todos os sentimentos e emoções que antes estiveram escondidos na escuridão. Estes sentimentos e emoções contidos são a porta de entrada para o seu Ser superior. Explorando o que realmente sentem, em lugar do que se supõe que devam sentir, vocês recuperam sua espontaneidade e integridade, essa parte de vocês que freqüentemente é chamada ‘sua criança interior’. Tomando contato com seus verdadeiros sentimentos e emoções, colocam-se no caminho da liberação. A transição à consciência apoiada no coração começou então.

 

Por Pamela Rose Kribbe

© Pamela Kribbe

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